O Amor dos Maridos – (Dever, Compromisso, Paixão e Coerência)
Textos Bíblicos: Ef 5.25-31; Col 3.19; I Pe 3.7
I – Introdução
É unânime a opinião dos estudiosos e especialistas, que o verdadeiro amor entre duas pessoas normais demanda e exige o princípio da reciprocidade, isto é, o sentimento sublime do amor para ser cultivado, racional e salutar necessita do compartilhar, do dar e receber… Assim, qualquer atitude ou postura unilateral do amor, tornar-se-á em mera aventura platônica – sentimento masoquista – narcisista.
Destarte o amor a ser peça grandiosa do caráter humano e divino, necessário se faz esclarecer alguns aspectos do mais lindo sentimento da personalidade – o amor. Em primeiro lugar, não temos a pretensão de esgotar e nem de formular um compêndio filosófico, psicológico e teológico do assunto; em segundo lugar, queremos apenas introduzir o debate, aguçar e estimulara pesquisa; e, finalmente, nosso objetivo é concentrarmos nos parâmetros bíblicos: sua hermenêutica, exegese e aplicabilidade da teologia de tarefa.
Todavia, temos que considerar algumas premissas da lógica humana, quando esta investiga a coerência e harmonia do debate e da pesquisa. São formulações simples de uma ente perquiridora: o amor existe? O que é o amor? Posso obtê-lo? De que maneira temos que amar? A quem devemos amar? Como Devemos Amar? Quais os benefícios do amor? Quais as consequências do desamor? Todas essas indagações necessitam de uma profunda análise e reflexão…
Acreditamos que talvez você não tenha conseguido respostas convincentes para suas sinceras perguntas acima, e não somos presunçosos para dizer que iremos resolver toa esta problemática nestas parcas linhas. Provavelmente, não conseguiremos responder todas as questões e muita coisa ficará incompleta.
Entrementes, dar-nos-emos por felizes se conseguirmos introduzir a real situação deste apaixonante tema. Por isso, devemos começar pela seguinte abordagem:
II – Conceito Genérico do Amor
Na literatura grega, o termo “amor” tem uma tríplice definição. Assim consideremos:
A – Amor EROS – Sentimento fortíssimo que associa a união sexual de um homem com uma mulher. Este é o tipo do amor dominante nas relações prazerosas, momentâneas e, as vezes, efêmeras. É o amor interesseiro, fisiológico, egoísta, carnal e essencial na perpetualidade da raça humana.
B – Amor FILEO – É o sentimento puro e terno entre amigos, família e parentes. Aqui o real sentido de fraternal, encontra explicações coerentes no amor dos filhos, dos pais e amigos e, é por isso, que o apóstolo Paulo preceitua a doutrina da dinâmica relação social dos eleitos, ao indicar para Timóteo os parâmetros destra doutrina – I Tm 5.1-2. Fileo, ainda indica amor sem interesse carnal ou sexual: faz-se necessário para a manutenção das relações sociais e vínculos fraternais.
C – Amor ÁGAPE – Caracteriza o sentimento religioso, espiritual e devocional dos homens para com Deus e/ou divindades (na mitologia grega). Este amor é descrito, amiúde, na segunda epístola aos Coríntios, cap. 13 onde Paulo descreve um conjunto de virtudes altamente nobres do caráter divino na personalidade humana, que foi salva e redimida por Cristo Jesus
Na linguística portuguesa e literatura brasileira: “Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa”; “Sentimento de dedicação absoluta de um ser a outro ser ou a uma coisa’ (Dic. Aurélio). Desta forma, os poetas românticos e realistas trafegaram na máxima platônica, masoquista, erótica e lírica, para expressar seus versos e poemas o significado do amor… O conteúdo de paixão, saudade, fatalismo e tragédia, cobiça e devaneios, foram a marca registrada de nossa literatura amorosa.
III – O Amor Enquanto DEVER – Ef 5.25
Aos maridos cabe o dever de amar suas esposas… Paulo deixa claro que o casamento estável, belo e sublime permeia, necessariamente, a senda do amor, especialmente dos maridos. Perguntar-se-ia: Por que os maridos e não as esposas? Talvez pela natureza masculina de ser mais susceptível à infidelidade ou quem sabe, devido ao contexto histórico em que o machismo pressupunha um “status” de “garanhão” na sociedade vigente. Entretanto, o que está em voga no texto é a sublime analogia dos sentimentos que Jesus tem pela igreja (noiva) deve ser o mesmo na vida conjugal. Assim, o amor dos maridos é evidenciado pelo dever – imitar Seu mestre e Senhor. O dever não caracteriza escravidão, constrangimento, disposição e auto-realização. O amor não é algo tão abstrato, filosófico ou distante; ele pode ser estimulado, interessante e altamente cultivado pela boa disciplina do dever; é neste contexto que estamos analisando – dever enquanto princípio de realização, alvo e auto-inspiração.
IV – O Amor Enquanto COMPROMISSO – Ef 5.26-27; Col 3.19
Nas palavras do apóstolo, os ardorosos maridos trazem a característica do compromisso conjugal. Este compromisso não é formal e legalista apenas, mas espiritual e psicológico. O amor, neste aspecto, reveste-se dos fatores emocional e religioso (teológico), o que deixa claro o seu conteúdo.
É compromisso, quando os maridos sabem agir com ternura, afago e compreensão. Aspereza, violência, desrespeito, indiferença e coisas do gênero, são reprovadas pelo amor enquanto compromisso… Assim, analogicamente, Jesus tornou sua esposa linda, feliz, realizada, perfeita, saudável e orgulhosa de ser esposa dEle. É por isso, que o verdadeiro amor demanda compromisso ético, moral, emocional, físico, social e espiritual. Quando se ama a cônjuge, tem-se o compromisso de fazê-la feliz, equilibrada, realizada e com auto-estima elevada.
V – O Amor Enquanto PAIXÃO – Col 3.19; I Pe 3.7
Cuidar e zelar pela harmonia conjugal, significa também ser carinhoso, educado, ético e apaixonado pela esposa. Os maridos inteligentes, isto é, aqueles que almejam uma esposa submissa, feliz, ardorosa sexualmente falando, produtiva e amiga, fazem do amor um sentimento profundo de paixão. Esta paixão nada tem a ver com o simples desejo sexual – o que seria apenas uma aventura amorosa; mas algo forte do comportamento viril, gentil e conquistador do marido.
A expressão Petrina de “viver a vida comum do lar, com discernimento para com a vossa mulher”, tem inúmeras implicações do relacionamento conjugal. Todavia, o que está implícito de maneira gritante é, sem dúvida, o aspecto da consideração, da camaradagem, em fazer a esposa realizada, recompensada sexualmente. É proibido frustrar as esposas; os maridos têm que satisfazê-las com os gestos da paixão – o beijo, o abraço forte e viril, os elogios e galanteios, o tratamento respeitoso e ético, o ficar bonito para a esposa e tudo que favorece e antecede a cópula são fatores indispensáveis da paixão dos cônjuges. É preciso que as esposas sintam-se amadas, desejadas, cortejadas e realizadas pelos seus maridos – isto é paixão.
VI – O Amor Enquanto COERÊNCIA – Ef 5.28-29; I Pe 3.7
A coerência do amor é algo esplêndido, o verdadeiro sentimento de quem ama. É imperativo o aspecto da coerência. Tal virtude nasce do princípio de que o próximo é meu semelhante, minha extensão e/ou próprio numa situação futura. Assim, o apóstolo Paulo classifica este sentimento como racional e coerente; desta forma ninguém amará se odiar a si próprio. Por quanto, o verdadeiro amor é a capacidade de repartir, compartilhar e doar… Este é o princípio da coerência: quando amo minha esposa, estou na verdade cuidando e zelando de mim mesmo, fazendo bem à minha personalidade, amando minha pessoa.
Os complexados, desajustados e desequilibrados emocionalmente, dificilmente conseguirão expressar a ternura, a paixão, o compromisso e dever para com suas esposas. Serão maridos grosseiros, infelizes e soberbos. Rais maridos necessitam de tratamento psíquico-terapêutico das esposas, da sociedade e dos especialistas em saúde mental.
É uma bênção maior viver uma vida conjugal coerente. Pedro diz que esta favorece as orações. Nossa vida devocional bem sucedida depende do relacionamento conjugal no lar. Assim podemos concluir que o verdadeiro amor é coerente em tudo: na dinâmica social, no prazer sexual, no tratamento cotidiano com a esposa, na manutenção e cultivo do amor etc. Amar é também ser coerente.
VII – A Importância e Necessidade do AMOR
O que seria da sociedade se não houvesse o amor? Todos os analistas e estudiosos do comportamento social/humano, estão de acordo que haveria uma tragédia sem precedentes da espécie. Provavelmente, aconteceria homicídios generalizados em alta escala, genocídios, infanticídios, incestos animalescos, auto-destruição de toda forma e coisas semelhantes. O amor faz-se necessário na raça humana por diversos motivos:
A – A sobrevivência e saúde social do homem.
É sabido que o homem é inerente um ser social. Ele tem necessidade de se relacionar, de comunicar-se, de viver em sociedade. Remover esta característica do homem é, no mínimo, fazê-lo infeliz para o resto da vida.
B – É uma questão de valores teológicos e psíquicos.
Somos a imagem e semelhança do nosso Deus-Criador, por isso amamos, visto que Deus é amor por excelência. Desta forma, ninguém é vazio ou desprovido deste mais nobre sentimento humano – o amor. Todos têm amor, potencialmente falando; em tese, o amor precisa apenas ser estimulado, cultivado procurado e desejado.
Por outro lado, temos em nossa natureza psicológica, toda uma estrutura afetiva que herdamos no meio ambiente. Ao nascermos somos preservados em nossa existência pelo alimento emocional que recebemos de nossos pais, seja no afago maternal ou paternal.
É impossível uma criança sobreviver sem os cuidados afetivos, sem a formação da auto-estima e dos valores conscientes para uma personalidade sadia.
VIII – CONCLUSÃO
Finalmente, diríamos que muita coisa do tema será ainda discutida, pesquisada e estudada. Acredito que este é um assunto inesgotável e fascinante. Portanto, qualquer pretensão de fechar o debate é meramente didática.
Entretanto, queremos assinalar que o amor, não obstante de ser extremamente essencial, vemos uma corrida avassaladora de uma sociedade egoísta, desumana, corrompida em seus valores éticos e morais. Presenciamos o perigo iminente da espécie com as constantes ameaças nucleares e guerras sem precedentes na história humana. Notificamos semanalmente, que o amor ao próximo está sumindo e é por isso que o aumento dos doentes mentais e emocionais está acentuando-se, até mesmo entre os grupos ilesos do passado (habitantes do campo, do círculo religioso).
É mister que procuremos cultivar e valorizar o amor, pois somente ele “constrói para a eternidade”, dizia o Estadista. Nas palavras Paulinas temos o grande acervo cultural da definição e conceito do amor: “O amor tudo espera, tudo suporta, tudo sofre, tudo crê. O amor é paciente, é benigno, o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece” – I Cor 13.
QUESTIONÁRIO – FAÇA O DOWNLOAD DA AVALIAÇÃO ABAIXO PARA RESPONDER.
AVALIAÇÃO PESSOAL PARA MARIDOS
Por: Pr. Luiz Gustavo Garcia de Queiroz