A Trajetória do Discipulado Cristão Parte 1
Texto Bíblico: Mt 6.1-34; 7.1-29.
É-me difícil imaginar uma vida cristã bem sucedida fora dos parâmetros do discipulado cristão. Talvez seja exatamente isto que explica os motivos das fofocas, intrigas, malícias, ciúmes, dissenções, indiferentismo entre os irmãos, comportamentos infantilizados e regredidos.
A ausência do discipulado tem consequências diversas:
Na vida pessoal – egoísmo, sentimentos inferiores, soberba, apatia, preguiça espiritual, vazio, e finalmente, dispersão do Corpo (igreja).
Na vida comunitária – relacionamentos superficiais, acepção de pessoas, contendas, maledicências, insubmissão e indiferenças.
O discipulado cristão é, portanto, a meta e o desafio para o nosso crescimento espiritual e comunitário. Nenhuma igreja conseguirá ser uma família fora desta premissa básica: O Discipulado.
I – Os Fundamentos do Discipulado no Novo Testamento
Tanto Jesus como João Batista, formaram escola peculiar de discipulado. O estilo de Jesus consistia em treinar, doutrinar, ensinar e aconselhar os seus discípulos. Havia uma sintonia familiar entre os discípulos e o Mestre, na vida cotidiana. Jesus os acompanhava em suas necessidades básicas e os supria de forma paternal e responsável. A política de João Batista, no entanto, era direcionada para uma vida austera, disciplinada, devocional e profética.
Precursor de Jesus, o último profeta ofício, marcou estilo com seu “modus vivendi” raro, pregação eloquente e desafiadora. Entretanto, o que fica claro nos dois estilos (Jesus e João Batista) é o discipulado dinâmico, disciplinado, produtivo e altamente ético. Não foram poucas vezes que Jesus chamou a atenção dos seus discípulos para os valores espirituais, éticos, morais e sociais – Mt 6.1-34; 7.1-29; Mc4.1-20; 6.7-13, 30-44; Lc 6.17.
Desta forma, durante 3 anos, os discípulos de Jesus foram treinados, trabalhados nos seu caráter, de tal maneira que eles obtiveram um novo estilo de vida – o estilo do discipulado: submissão, humildade, autoridade, maturidade e crescimento espiritual.
Vejamos algumas implicações práticas na dinâmica do relacionamento cristão:
II – Envolve o Desenvolvimento da Estrutura Emocional
Buscar o equilíbrio e a saúde mental/emocional do corpo do discipulado foi tarefa primordial dos profetas e de Jesus Cristo – II Rs 4.1, 2, 7, 27-37; Jo 14.1-3. É extremamente importante termos nossas emoções controladas e saudáveis; quando ocorre o contrário, presenciamos neuroses, angústias, ansiedades desmesuradas, nervosismo extremado, perplexidade, fobias diversas, incertezas e inseguranças.
Na família dos discípulos a tônica que prevalece é a singeleza, a cordialidade, a amizade, a fraternidade e pureza nos relacionamentos, pois acima de tudo somos membros uns dos outros. Somente com nossas estruturas emocionais ajustadas, conseguiremos esquecer os traumas do passado, as injustiças sofridas e tantas coisas do gênero. Ser discípulo é estar comprometido com uma estabilidade psíquica-emocional: otimismo, bom ânimo, disposição para trabalhar e ouvir, paciência nas tribulações, segurança nas horas difíceis.
No verdadeiro discipulado cristão, os membros são verdadeiros “amantes” da boa educação, da ternura e compreensão mútua, por isso a vida do crente é maravilhosa – UM VIDÃO!
III – Envolve o Desenvolvimento da Estrutura Espiritual
É especialmente nesta área, que a religião de Jesus e dos apóstolos se reveste de uma natureza extremamente peculiar. O compromisso dos discípulos é de imitar, confiar e vivenciar a dimensão da glória de um Deus vivo, presente e poderoso.
O discipulado cristão exige experiências com Cristo em todos os segmentos da vida. Ninguém consegue ser a mesma pessoa após um encontro com Jesus. Portanto, ser espiritual é, antes de tudo, conhecer a extensão e profundidade do amor e perdão de Cristo Jesus – é ser transformado nEle por ele.
A autoridade espiritual é plenamente viável nas relações de uma vida disciplinada e regada com jejum, oração, leitura da Palavra e intensa consagração de corpo, alma e espírito. Somente assim poderemos fluir a graça divina em nós, através do aconselhamento, louvor, testemunho e pregação da Palavra.
Sejamos santos, então, seremos verdadeiros discípulos.
O discipulado cristão não é um ativismo espiritual, litúrgico ou teológico. Antes, pelo contrário, um canal de bênçãos, um vaso de honra para o uso exclusivo do Senhor.
Deus procura homens e mulheres para sua instrumentalização e propósitos santos.
Existe uma gama imensa de valores espirituais reservados para a igreja e sua felicidade devocional. Não precisamos viver na mediocridade religiosa ou espiritual. Paulo diz que devemos andar em novidade de vida e reciclarmos a glória efusiva espiritual em nós pela imagem do Espírito. Rm 6.4; II Cor 3.18
Conclusão
Implantar o método e a visão do discipulado bíblico e cristão hoje, constitui-se numa tarefa titânica. Estou convencido de que não teremos pleno êxito fora dos caminhos do discipulado. É um desafio grande e difícil mas creio que é perfeitamente possível.
Alguns obstáculos precisam ser removidos. O primeiro é remover a ideia de onipotência e estrelismo na liderança local; o segundo é disciplinar os soberbos e desobedientes. Então teremos todo um projeto a ser conscientizado, ensinado e pregado constantemente, até que a igreja consiga assimilar os novos valores primitivos da Palavra de Deus. Os desafios são grandes, mas somente os humildes e corajosos obterão sucesso. É preciso ter coragem para mudar e ser humilde para aprender – isto não é fácil. Que Deus nos ajude!
Por: Pr. Luiz Gustavo Garcia de Queiroz