Vencendo as Obras da Carne
Texto Bíblico: Gálatas 5.19-24; Gênesis 1.26-30; Colossenses 3. 4-10, 12-14
Acredito que o maior inimigo da igreja neste século é a própria igreja, isto é, a outra realidade desta, a parte humana que não foi transformada e trabalhada pela ação do Espírito Santo. Jesus foi categórico quando referiu-se ao inimigo interno e íntimo de seu rebanho.
Ele disse que joio e trigo se confundem pela sua estreita semelhança; também nos relatou da convivência de cabritos e ovelhas e, finalmente, nos advertiu dos peixes bons e maus na pescaria. Os inimigos externos (Satanás e o mundo) são conhecidos e comuns da igreja, por isso nós resistimos em jejum e oração e numa ação gloriosa do poder do nome de Jesus, vencemo-los. Todavia, a carne ou o desejo humano estão dentro de nós – e a pergunta é: Como vencer as obras da Carne sendo nós ainda humanos? Antes de qualquer coisa, faz-se necessário discriminar os seguintes aspectos do nosso estudo. Vejamos:
I- A relação entre obras da Carne e natureza humana: O homem e sua humanidade – Gênesis 1.26-30, 2.8: Neste texto podemos ver claramente a distinção entre o que é natural e o que é carnal, numa conexão com o texto Paulino. Aqui a exposição de Moisés está ensinando que Deus ao criar o homem, fê-lo com alguns princípios e leis que jamais serão desfeitos, quais sejam: instintos de ordem moral, religiosa, social e biológica, que define a natureza peculiar e exclusiva do animal racional, inteligente e espiritual – o ser humano. Assim temos:
A- Instinto religioso – é a capacidade inerente ou nata que o homem possui para aproximar-se de Deus (vs. 26,27);
B- Instinto de supremacia ou domínio – é a capacidade nata de sobressair, de comandar e controlar o objeto externo (vs. 26b);
C- Instinto de reprodução ou da sexualidade – é a pulsão de vida primitiva do homem em perpetuar a raça (vs. 28);
D- Instinto de sobrevivência ou alimentar – é a capacidade do organismo determinar a necessidade de recompor perdas energéticas e proteína num extraordinário ciclo de vida (vs. 29);
E- Instinto aquisitivo de posse – é a relação inata de poder onde o verbo ter é sinônimo de viver bem e feliz (Gênesis 2.8).
II- A natureza pecaminosa do homem (Gálatas 5.19-21; Colossenses 3.4-9, 12-13) – os versos 16 e 17 da primeira referência acima, Paulo demonstra a ambivalência inicial de dois antagonismos: Natureza Carnal x Natureza Espiritual; Lei x Graça. O apóstolo também deixa claro que elas lutam para obter o direito de influenciar, determinar e controlar o comportamento do sujeito e sua livre vontade, uma vez que o homem não consegue, por si mesmo escolher o que é bom e harmonioso para a vida eterna. Por outro lado temos a lei da morte, que acusa o pecado, tendo nele a legalidade; por outro caminho, temos a lei da vida – graça divina revelada ao coração humano pelos méritos da morte de Cristo. Assim, as ações e/ou atos de sentimento humano é quem irá demonstrar a situação interior do sujeito.
A- Distúrbios da estrutura oral no homem – Bebedices, palavras torpes, maledicência e mentiras caracterizam um quadro de regressão afetiva do indivíduo que não foi trabalhada em sua oralidade o suficiente para manter uma relação saudável consigo mesmo e com o outro. (vs 19; Colossenses 8.8,9);
B- Distúrbios da estrutura inter-pessoal do caráter (vs 20,21; Colossenses 3.8)
1- Inimizades – sentimento egoísta e narcisista do sujeito. Ele agride para obter a gratificação do objeto;
2- Porfias – é o sentimento ambicioso do sujeito que busca a qualquer preço levar vantagem;
3- Discórdia – o sujeito do contra, que tem dificuldade de socializar e de compreender o semelhante;
4- Dissensões – pessoa que promove a ruptura e a descontinuidade social. Sujeito que não tem visão coletiva do homem;
5- Facções/partidarismo – indivíduo que busca vantagem para si próprio, visando a primazia ou reconhecimento futuro. É o sentimento de fragmentar o objetivo – sua visão é fragmentada do todo. Característica de pessoa regredida ao extremo em sua personalidade;
6- Iras – impulsos repentinos que o sujeito não consegue controlar contra o objeto do seu desafeto imediato – sentimento temporário de ódio pela perda de algo externo;
7 – Cólera – profundo sentimento de vingança contra o objeto de sua relação.
C- Distúrbios afetivos da personalidade (vs. 20,21; Colossenses 3.5)
1- Inveja – sentimento primitivo de perpetrar o mal sobre o objeto de desejo, isto é, ele projeta as coisas ruins no objeto de desejo;
2- Ciúmes – é o sentimento primitivo da solidão. O sujeito em sua relação com o objeto protege-o contra a ameaça de perdê-lo; por isso sente-se inseguro e atemorizado. É um sentimento desprovido de sabedoria, revela fraqueza pessoal e tendência ao pecado.
III- O homem e sua restauração interior – a natureza Divina (vs 22-25)
A- Vencendo os distúrbios orais: bebedices, etc. O Espírito Santo mediando o fruto da experiência de domínio próprio, restaura o sujeito pela via da continência pessoa – é uma capacitação interior das primeiras relações de auto-estima.
B- Vencendo os distúrbios afetivos:
1- Inveja – é curada ou substituída pelo sentimento espiritual da benignidade, bondade e virtude do perdão (Gálatas 5.22; Colossenses 3.13);
2- Ciúmes – o fruto da fidelidade e do amor podem curar e restaurar este aspecto da personalidade.
C- Vencendo os distúrbios sociais:
1- Iras – Paulo recomenda como remédio para a cura deste distúrbio a vivência da mansidão e longanimidade (Gálatas 5.22);
2- Inimizades – o fruto do amor e a virtude da experiência do perdão, são agentes poderosos (Colossenses 3.13; Gálatas 5.22);
3- Porfias – mediante a virtude da humildade e o sentimento fraternal da igualdade cristã;
4- Discórdia – ter o mesmo sentimento e pensar um único pensamento, são virtudes da abnegação e resignação que formam o antídoto da discórdia;
5- Dissensões – aprender a suportar o irmão e a perdoar;
6- Facções/partidarismo – o apóstolo Paulo recomenda cultivar as coisas positivas na relação inter-pessoal. Ele diz que tudo é agradável quando se busca a dignidade, a honestidade e a justiça. São valores do caráter transformado em Cristo (Filipenses 4.8).
Conclusão
Estou certo de que somente uma combinação de vida espiritual abundante, caráter transformado e temperamento trabalhado pelo Espírito Santo poderão vencer todas as tendências e forças do desejo carnal.
Queridos, vencer as obras da carne é possível e plenamente viável para que possamos manter relação com Deus sem culpa, sem máscara e sem arrogância
GOD IS GOOD!!
Por: Pr. Luiz Gustavo Garcia de Queiroz